O crescimento do mercado imobiliário dos últimos
anos foi acompanhado de um efeito que tem causado dor de cabeça a muitos
compradores, no Brasil: os atrasos e os outros problemas na entrega dos
imóveis.
A área social é o mais perto que Daniel consegue
chegar do apartamento que comprou. A entrega, prevista para janeiro de 2011,
atrasou um ano. Na hora de entrar no imóvel, outra surpresa: paredes e
teto com rachaduras e infiltrações. Ele resolveu processar a construtora.
“Parece que as construtoras têm a certeza da
impunidade. Em vez de entregar a coisa 100%, elas entregam algo em 70% e ficam
esperando que alguém reclame como se deve”, afirma o gerente de exportação
Daniel Juarez.
Edilberto de Carvalho também está com problemas.
Vendeu a casa, onde vivia com a mulher, em 2011, perto do prazo previsto para
ir morar no imóvel novo, mas a data foi prorrogada três vezes. “Eles só estão
dizendo que um dia vão entregar. Agora quando, eu não sei”, diz o engenheiro.
Com o aumento do crédito, mais pessoas puderam
realizar o projeto de ter uma casa própria. O problema, para muitos
consumidores, tem sido receber as chaves. Não é fácil encontrar empreendimentos
entregues dentro do prazo, e ainda sem falhas de acabamento. Nos últimos anos,
o número de processos contra construtoras em São Paulo cresceu mais que o
mercado imobiliário.
Um levantamento do Tribunal de Justiça de São
Paulo mostra que o total de processos foi multiplicado por 15 em cinco anos.
Eram 150, em 2008. No fim do ano passado, já eram mais de 2,5 mil.
O sindicato das
construtoras atribui parte dos atrasos às PREFEITURAS,
que passaram a exigir contrapartidas, como obras viárias. Mas reconhece que o
setor não estava pronto para crescer nesse ritmo.
“Faltou mão de obra, faltou maquina, faltou
equipamento. Todo o mercado foi pego de surpresa, não se esperava esta demanda
e nós, do ponto de vista de infra-estrutura, não estávamos preparados”, diz o
presidente do Secovi-SP, Cláudio Bernardes.
O Procon
recomenda. Antes de assinar o contrato, o comprador deve checar se a
construtora é alvo de ações judiciais e reclamações nos órgãos de defesa do
consumidor e pedir, periodicamente, um registro do andamento das obras.
“É importante que as empresas tenham
responsabilidade na oferta e na publicidade das suas unidades e estipulem
prazos que realmente possam cumprir, porque só assim essa demanda vai se
estabilizar”, aponta o presidente do Procon de São Paulo, Paulo Góes.
Jornal Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário